Talvez você não tenha ideia de como desapegar pode ter um papel importante na sua vida. Desapegar não significa apenas se desfazer de objetos materiais, mas também de padrões de pensamento, emoções negativas e até mesmo de pessoas tóxicas. E eu sei que não é uma tarefa fácil, na verdade é um processo de autoconhecimento e transformação que nos permite abrir espaço para o novo, para o que realmente importa.
Mas se você soubesse como o excesso pode te sobrecarregar, tenho que certeza que você hoje mesmo já começaria a fazer uma limpeza aí na sua casa. Desse modo, estou aqui para te dizer que sim, você irá precisar começar esse processo na sua mente para se libertar e viver com mais leveza, e também te dizer que é possível ter essa transformação pelo autoconhecimento, uma vez que você vai conseguir avaliar o que realmente é essencial em sua vida.
Neste capítulo, vou trabalhar com você algumas reflexões, te sugerir alguns desapegos e te ajudar a entender que você e a sua história, podem ser muito mais do que objetos. Mas não fique brava comigo! Eu também gosto de recordações, lembranças e tenho sim algumas coisinhas que não abro mão de guardar, porém, o que eu estou falando aqui é sobre o acúmulo de coisas desnecessárias.
Então já vamos logo partir para entender como você pode melhorar na prática do desapego?


Desapego emocional: como deixar ir o que não te serve mais.
Quando você olha para um objeto que você guarda por recordação, você consegue identificar se o sentimento que você tem por ele é bom ou ruim? Eu te digo que se você consegue afirmar que ele te traz boas recordações vale a pena mantê-lo, porém, se ele não te deixa no estágio de felicidade, você precisa analisar por quê você o guarda.
Muitas vezes insistimos em permanecer presos no quê nos deixa com sentimentos ruins e nem nos damos conta. Então entenda que ao deixar ir o que não te faz bem, vai te dar a certeza de que você estava rodeada por coisas desnecessárias que até mesmo te impedia de ter a capacidade de tomar decisões, você sabia disso?
E isso serve para objetos, sentimentos e pessoas. Quando você cultiva amizades ou sentimentos por alguém e esse sentimento não te faz bem, a chance de sua vida não ir para frente é absurdamente grande.
É preciso saber que desapegar vai além do material. É preciso também se desapegar de padrões de pensamento limitantes e de emoções negativas que nos prendem ao passado. Muitas vezes, carregamos mágoas, ressentimentos e medos que nos impedem de viver plenamente o presente. Aprenda a perdoar, a deixar ir o que não pode ser mudado e a se libertar das amarras emocionais que te impedem de seguir em frente.
Trazendo isso para o material, observe se de repente você não guarda um objeto que ganhou de uma pessoa, por exemplo, porque se sente culpada por não ter dado a atenção devida para ela, ou se é por carência de não ter tido a atenção que gostaria vinda dessa pessoa. Se você identificar qualquer semelhança em um desses pontos que mencionei, é hora de você se dar a chance de se sentir livre dessas amarras.
A seguir, vou deixar um texto de Fernando Pessoa para a sua reflexão.
“Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Fecha a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Desapegar-se, é renovar votos de esperança de si mesmo. É dar-se uma nova oportunidade de construir uma nova história melhor. Liberte-se de tudo aquilo que não tem te feito bem.”
Outra maneira que pode estar te prendendo a apego emocional é quando você ganha presentes de pessoas queridas para você. E o que eu estou falando aqui é de presentes que você ganhou mas não gostou, nem vai usar e se sente na obrigação de ficar com a peça com medo de magoar a pessoa que te deu. Por esse motivo você prefere encostar a peça lá no guarda-roupa ou na gaveta ocupando um espaço que poderia estar livre. Ao fazer isso você acaba criando pequenos acúmulos que só te deixarão confusa. Você não precisa deixar que a pessoa saiba que você não vai utilizar, apenas receba, mostre sua gratidão e tenha em mente que esse momento é o que vai importar para quem está te presenteando.
Entenda que ao se desfazer de um objeto que você ganhou mas não vai utilizá-lo você não estará deixando de gostar de quem te deu. Não se sinta pressionada a ficar com algo só para agradar alguém, e além do mais, você pode repassar para outra pessoa que vai aproveitar muito bem aquilo que não faz sentido para você. Lembre-se que isso não é um ato de desperdício, mas sim de dar oportunidade para que essas coisas encontrem novos donos e que possam ser úteis para outras pessoas. Garanto que pensando assim você já vai tirar um peso enorme da sua consciência e vai fazer você se sentir feliz em compartilhar e dividir.
Imagino que até aqui você possa estar pensando: “mas então eu vou ter que me desfazer de todas as minhas lembranças?” e te digo que não. Você pode de maneira organizada e como já falamos anteriormente, se é um objeto que traz boas recordações, guardar sim. E qual é a minha sugestão para guardar recordações, é que você separe ou compre uma caixa, uma maleta ou até mesmo um baú de sua preferência e guarde as suas memórias. Eu tenho uma maleta onde limitei um espaço pequeno para guardar as fotos e objetos que quero me recordar, e já te afirmo que é uma delícia a sensação de nostalgia que sinto quando abro ela. Porém, é preciso atentar-se para não guardar demais, então vou dar um exemplo para ficar mais claro.
Eu já vi casos em que uma cliente tinha 3 fotos com as mesmas pessoas que eram praticamente iguais. No caso só mudava a posição das mãos de uma foto para outra, mas eram as mesmas pessoas, no mesmo dia e lugar. Concorda comigo que apenas uma foto seria suficiente para guardar de recordação? Então faça essa análise e cuide bem das suas lembranças e recordações.
O poder do desapego material.
Sabe aquele monte de livros que você tem na sua estante? Preste atenção se todos que você tiver aí, realmente são importantes ou se só estão dando mais trabalho para limpá-los. Você realmente os lê? Se caso a resposta for: só estão juntando poeira, indico que você desapegue o mais rápido possível. Eu também sou apaixonada por livros, mas guardo apenas poucos que valem muito a pena relê-los, porque na maioria das vezes compramos livros que fazem sentido para gente no momento, na fase em que estamos, entende? Quer um exemplo? Digamos que você precise saber como cultivar melhor as plantas que você gosta e que para isso você comprou um livro que fala sobre o assunto. Ao aprender os procedimentos que você precisa fazer e praticá-los aí nas suas plantinhas, automaticamente você já saberá o que fazer quando quiser cuidar delas.
Nesse caso você pode repassar esse livro para uma outra pessoa aprender ou até mesmo vendê-lo no Sebo da sua cidade. Digo que não é necessário guardar ele aí na sua casa porque a chance de você pegar de novo para ler é mínima, e além do mais, eles podem atrair insetos como as traças e te desanimar de organizar sua casa visto que na sua mente, você pode ter a impressão que vai dar muito trabalho, ou que você não tem espaço suficiente para organizar e desse modo você acaba deixando de qualquer jeito, e também você terá a sensação de que se você for limpar, vai perder o maior tempão para terminar e acaba desanimando. Eu já vi essa situação e ela é real, vai por mim.

O segundo ítem material que é muito fácil acumular, é roupa. É possível que você tenha aí algumas roupas que guarda com a “desculpa” de algum dia voltar a servir, ou algum dia precisar delas. Mas o fato é que na maioria das vezes nunca são usadas. Claro que você não precisa sair se desfazendo de tudo, mas a sugestão é: guardar por no máximo seis meses, se você não voltar a usar nesse período, é bem provável que não irá usá-la nunca mais.
Entenda que é perfeitamente normal seu corpo sofrer mudanças ao longo dos anos, com a chegada dos filhos ou com mudanças de hábitos mesmo.
Desapegue das roupas que não são mais a sua numeração, doe ou venda e não se torture com a ideia de caber nelas novamente. E entenda também que você pode sim mudar seu estilo com o amadurecimento, com uma promoção no trabalho ou lugares que você passou a frequentar, porque aqui o que importa de fato é você estar bem consigo mesma. Por isso, não se julgue se alguma roupa que você usava antes passar a ficar “estranha”. Mantenha somente o que fizer sentido e for útil para você. Vou deixar aqui 3 sugestões que você pode se desapegar aí no seu guarda-roupa.
- Peças com furos, rasgadas, manchadas ou velhas demais;
- Peças desbotadas e cheias de bolinhas;
- Peças que não representam mais o seu estilo atual.
É importante lembrar que praticando o desapego material, você estará abrindo espaço para o novo, para seu crescimento pessoal e para experiências mais significativas. Quando você se apega demais aos objetos, acaba se tornando escrava deles, perdendo a liberdade e a capacidade de desfrutar plenamente do presente.
Nesse momento você vai precisar fazer uma avaliação sincera das suas posses. Olhe ao redor e questione-se: quantas coisas você realmente usa e precisa? Muitas vezes, você vai perceber que são acúmulos que estão apenas ocupando espaço e causando estresse. Desapegar desses itens pode trazer uma sensação de alívio e liberdade.
Uma coisa importante para você conseguir ter êxito nessa missão é começar por pequenos passos e entender que o desapego material não significa viver em uma situação de privação, mas sim aprender a valorizar o que realmente importa e a se libertar do peso que o excesso de coisas traz para sua vida. Além disso, é importante questionar seus hábitos de consumo. Antes de comprar algo novo, reflita se realmente é necessário e se trará benefícios reais para sua vida.
Muitas vezes, compramos por impulso ou por influência externa, sem considerar se aquilo realmente agregará valor. Vivemos em uma sociedade onde o consumo é incentivado constantemente. Somos bombardeados por propagandas que nos fazem acreditar que a felicidade está diretamente ligada à posse de bens materiais. No entanto, o verdadeiro poder nesse assunto aqui está no desapego material. Ao se desapegar do excesso material, você estará contribuindo para um estilo de vida mais sustentável e minimalista.
E por falar em minimalismo, acredito que você já tenha ouvido falar dele. E o que o minimalismo tem a ver com o desapego e a organização? Primeiro é preciso entender o que de fato significa:
“Minimalismo não é a falta de algo. É simplesmente a quantidade perfeita de alguma coisa.”

E quando você realmente entende que o conceito minimalista agregado com o conceito da organização, fará com que você cultive mais o desapego tendo uma vida bem mais prática, simples e objetiva. Colocando isso em prática, você vai entender que precisa de muito pouco para sobreviver, e tendo a verdadeira consciência disso, você não vai perder muito tempo limpando e organizando. Por consequência, você terá também menos estresses.
Outra sugestão que funciona para evitar o acúmulo, é definir um lugar para cada objeto e roupa e delimitar o espaço. Fazendo isso você saberá que só pode ter o que couber em cada espaço reservado para aquilo, e desse modo não acumulará, entende? E por fim, não compre nada quando estiver muito triste ou muito feliz. Você pode até não perceber, mas o seu estado emocional pode influenciar em gastos desnecessários.
Entendendo quando e como você deve destralhar.
Acredito que até aqui, você já tenha aprendido desapegar emocionalmente e mentalmente deixando ir o que não te serve mais, e que outra pessoa possa fazer bom uso daquilo, certo? Mas você sabe o que significa destralhar? Pois bem vamos lá.
O destralhe é feito naqueles objetos acumulados que não já não servem mais para você e nem para outra pessoa. Calma que eu vou te explicar melhor.
Imagina que você tenha aí um aparelho eletrônico antigo que você comprou ou ganhou, como por exemplo, um aparelho DVD que já saiu de circulação e que na verdade você nem sabe onde foi parar o cabo. Percebe que é um objeto que você não consegue usar e nem doar para outra pessoa?
Agora imagina que você tem um aparelho que queimou e a loja não fabrica mais peças daquele modelo, é desnecessário que você continue guardando. Isso, chamamos de destralhar ou descartar, como preferir. O ideal é que você retire da sua casa fazendo o descarte no local correto, porque se você insistir em deixar aí, sinto em te dizer que você só estará atraindo estresse e sobrecarregando a sua casa.
Dessa forma, eu indico que você faça um balanço, um inventário do que você tem na sua casa a fim de saber o que de fato você usa e que é importante guardar. Quando começamos a entender que ser é muito melhor que ter, damos a verdadeira importância para vida porque na verdade como já ouvi em uma frase:
“ Nós não compramos as coisas com dinheiro, nós as compramos com horas das nossas vidas”,

E isso inclui também limpar e organizar, pois quanto mais tempo temos que dedicar nessas tarefas, mais tempo perdemos e que poderíamos estar aproveitando com coisas que seriam importantes para nós. Então entenda de uma vez por todas que remover as coisas desnecessárias da sua vida é a chave para você se concentrar no que realmente importa.
A seguir vou deixar algumas sugestões de coisas que você pode destralhar aí em cada cômodo da sua casa:
Sugestões para destralhar na sala:
- Decoração sem significado;
- Eletrônicos antigos;
- CD’s e DVD’s;
- Revistas que você já leu e releu;
- Lembrancinhas de viagens.
Sugestões para destralhar na cozinha:
- Potes de plásticos sem tampa, rachados ou quebrados;
- Utensílios demais guardados para visitas;
- Aparelhos com muitas peças e que não funcionam na prática;
- Sachê de delivery;
- Chás e temperos que você nunca toma e nem usa.
Sugestões para destralhar no quarto:
- Poltrona que só serve para empilhar roupas;
- Lençol em excesso (ideal é ter 3 trocas);
- Travesseiros que nunca são usados;
- Almofadas demais em cima da cama;
- Objetos que vão parar na mesa de cabeceira mas que nem pertencem ao quarto.
Sugestão para destralhar no banheiro:
- Shampoo, hidratante e outros produtos que comprou e não gostou;
- Amostras grátis tipos os de hotéis;
- Frascos com restinhos de perfume;
- Escovas e pentes que possam estar quebrados;
- Presilha quebrada, elástico esticado e grampos enferrujados.
Sugestão para destralhar na lavanderia:
- Produtos vencidos e potes vazios;
- Prendedores quebrados;
- Baldes e bacias rachadas;
- Panos de limpeza rasgados e encardidos;
- Vassouras e rodos em excesso (ideal é ter 1 de cada).
Se você conseguir colocar em prática essas sugestões que deixei aqui, tenho certeza que sua casa e sua mente estarão mais tranquilas e sua rotina vai ficar mais leve.
Conclusão
Então chegamos ao final dessa jornada em busca do desapego, mas antes de nos despedirmos, quero que você entenda que o desapego é como uma dieta para sua alma onde você se livra dos excessos e se torna cada vez mais uma pessoa no controle da sua própria vida.
Praticar a arte do desapego vai te ensinar a valorizar o presente, a viver com mais leveza, encontrando a verdadeira felicidade além das posses materiais. É como se você fizesse uma faxina na sua vida, jogando fora tudo o que não te serve mais e abrindo espaço para o novo e para o que realmente te faz bem. Mas vou ser sincera com você, desapegar não é tão fácil quanto parece, porém tenho certeza que quando você conseguir dar o primeiro passo em direção a sua liberdade, como pode chamar, você estará também abrindo mão das suas inseguranças e seus medos. Assim sendo, se um dia você se pegar olhando para um objeto em desuso e pensar: “E se eu precisar disso um dia?” lembre-se que ao retirar da sua casa e da sua vida, você estará abrindo espaço para coisas boas e novas entrarem e fluírem na sua vida.
Segue frase para reflexão:
“Não importa se você tem muito ou pouco dinheiro, sua classe social, cultura ou etnia. Todos nós podemos encontrar a felicidade quando assumimos a própria vida, por mais difícil que ela seja.”


